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O ciclismo conquistou milhares de praticantes pela combinação de exercício cardiovascular, contato com o ambiente e versatilidade de cenários: estrada, trilha, pista ou rolo em casa. Mas pedalar por horas sem um direcionamento pode virar apenas um gasto de tempo ou até sobrecarregar o corpo sem gerar as adaptações desejadas.
Para treinos realmente eficientes, fabricantes de ciclo computadores, aplicativos e treinadores utilizam as zonas de frequência cardíaca, ciclismo, faixas de esforço que ajudam a explorar cada centímetro do seu potencial: desde ganhar base aeróbica até acelerar o VO2máx e dominar sprints.
Este guia foi desenhado para ciclistas de todos os níveis: iniciantes encontrarão embasamento para não pedalar no escuro; intermediários aprenderam a organizar seus treinos; avançados e coaches terão um roadmap para periodizar o volume e a intensidade ideal.
Acompanhe este artigo e descubra como transformar sua pedalada em um treino inteligente, alinhado a metas de performance, saúde e prazer sobre duas rodas.
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Principais zonas de frequência cardíaca no ciclismo
As zonas de frequência cardíaca dividem o esforço em faixas de intensidade, cada uma com percentuais específicos da sua frequência cardíaca máxima (FCM). Elas ajudam a dirigir o treino para o resultado desejado: resistência, limiar, potência ou regeneração.
A nomenclatura pode variar (alguns usam Z1, Z5 ou Z1, Z7), mas a lógica permanece: quanto maior a zona, maior a intensidade e mais rápido o acúmulo de lactato.
1- Zona de recuperação aeróbica

A zona de recuperação aeróbica (Z1) corresponde a 50 a 60% da FCM. É o patamar de pedalada leve, em que você conversa sem ofegar.
Características:
- Frequência cardíaca: 50 a 60% da FCM.
- Intensidade baixa: Esforço confortável, cadência constante entre 80 a 100 rpm.
- Duração: Permite sessões longas (60 a 120 minutos) sem estresse excessivo.
Adaptações fisiológicas:
- Incremento da circulação sanguínea, transporte de oxigênio e remoção de resíduos.
- Aceleração do processo de recuperação muscular após esforços intensos.
- Base aeróbica fortalecida: formação de mais capilares e mitocôndrias.
Quando usar:
- Aquecimentos e desaquecimentos em treinos mais duros.
- Dias de recuperação ativa (rest day) para acelerar a regeneração.
- Primeiros treinos de quem está iniciando no ciclismo.
Dicas práticas:
- Mantenha a cadência alta e constante para aliviar o impacto nas articulações.
- Foque na pedalada suave, sem sobrecarregar os glúteos ou lombar.
- Combine exercícios de alongamento e mobilidade para quadril e ombros.
- Use esta zona em dias pós-intervalados de alta intensidade para drenar lactato.
2- Zona de resistência
A zona de resistência (Z2) situa-se entre 60 a 70% da FCM. Nela, o corpo equilibra uso de gorduras (lipídios) e carboidratos como combustível, sustentando pedais longos com sensação de esforço moderado.
Características:
- Frequência cardíaca: 60 a 70% da FCM.
- Intensidade moderada: Conversa possível, mas com respiração mais profunda.
- Duração: Sessões de 90 a 180 minutos, ideal para cicloturismo e endurance.
Adaptações fisiológicas:
- Melhora no metabolismo de gorduras como fonte primária de energia.
- Elevação gradual do VO2máx e da eficiência mitocondrial.
- Fortalecimento do corredor metabólico para provas de longa distância.
Quando usar:
- Treinos longos de base, fundamentais no meio da temporada de cicloturismo.
- Construção da resistência para etapas de montanha e passeios de um dia inteiro.
- Dias de volta ao básico em períodos de transição do treinamento.
Dicas práticas:
- Planeje alimentação em trilhas: Géis, barra de cereais ou frutas a cada 45 a 60 minutos.
- Mantenha cadência média (80 a 90 rpm) para preservar a força muscular.
- Hidrate-se com água e reposição de eletrólitos, pois a sudorese é prolongada.
- Use frequência cardíaca e percepção de esforço (RPE 45 a 10) para manter consistência.
3- Zona de limiar
A zona de limiar (Z3) abrange 70 a 80% da FCM. Também chamada de zona tempo ou threshold, é onde a produção e remoção de lactato se equilibram. O esforço é alto, mas gerenciável por 20 a 60 minutos.
Características:
- Frequência cardíaca: 70 a 80% da FCM.
- Intensidade alta: Respiração ofegante, conversa limitada a poucas palavras.
- Duração típica: 10 a 60 minutos, isolado ou em blocos.
Adaptações fisiológicas:
- Aumento do limiar anaeróbico: Capacidade de pedalar mais rápido antes do acúmulo excessivo de lactato.
- Melhora o sistema de tamponamento de lactato, retardando a fadiga.
- Fortalecimento simultâneo de resistência e força muscular.
Quando usar:
- Treinos de contrarrelógio (time trial) e segmentos de subida contínua.
- Intervalos longos: 3 vezes de 15 a 20 minutos no limiar com 58 minutos de descanso.
- Período de competição: Sustentar ritmos próximos ao ritmo de prova.
Dicas práticas
- Utilize cadência média-baixa (75 a 85 rpm) para forçar as pernas.
- Controle da nutrição: Consumo de carboidratos durante blocos prolongados.
- Combine dados de potência (se disponível) com frequência cardíaca e RPE 78 a 10.
- Fique atento à recuperação entre blocos para não ultrapassar sua capacidade de tamponamento.
4- Zona de potência máxima
A zona de potência máxima (Z4 e Z5, dependendo do modelo) equivale a 80 a 90% (até 95%) da FCM. Corresponde a esforços de VO2máx e sprints curtos, exigindo máxima capacidade aeróbia e anaeróbia.
Características:
- Frequência cardíaca: 80 a 95% da FCM.
- Intensidade muito alta: Esgotamento em 30 a 3’.
- Duração: Séries curtas com recuperação longa (46 minutos).
Adaptações fisiológicas:
- Aumento do VO2máx, principal indicador de capacidade aeróbica máxima.
- Recrutamento de fibras musculares tipo II para explosão e potência.
- Efeito EPOC (Excess Post-Exercise Oxygen Consumption): Queima extra após o treino.
Quando usar:
- Séries de sprint e arrancadas: 6 de 12 a 30 a 1 máxima potência.
- Treinos HIIT (High-Intensity Interval Training) em bicicleta ou rolo.
- Preparação para finais de prova, ataques e sprints de chegada.
Dicas práticas:
- Mantenha a cadência alta (>100 rpm) para estimular coordenação e velocidade.
- Priorize técnica: Ângulo de pedalada, alinhamento do tronco e transição de força.
- Respeite a recuperação: 46 minutos entre repetições para manter a qualidade de esforço.
- Evite sessões excessivas sem descanso: risco de overtraining e fadiga crônica.
Como determinar e monitorar suas zonas de frequência cardíaca
Para aplicar as zonas de forma consistente, você precisa: 1) determinar sua frequência cardíaca máxima (FCM), 2) usar equipamentos adequados para captar batimentos em tempo real e 3) personalizar as faixas conforme seus objetivos. Vejamos cada etapa.
1- Cálculo da frequência cardíaca máxima
A FCM é o ponto de partida para definir percentuais de cada zona. Você pode estimá-la por fórmulas ou medi-la em testes práticos:
Fórmulas empíricas (estimativas):
- 220 idade (homens) e 226 idade (mulheres): Abordagem simples, mas com margem de erro de até ±10 bpm.
- 208 (0,7 × idade) (Tanaka et al., 2001): Ligeiramente mais preciso para adultos.
Teste de campo em ciclismo:
- Após aquecimento de 20’, faça 3×3 minutos em intensidade crescente até exaustão.
- Registre a maior FC atingida.
- Importante: faça sob supervisão ou com conhecimento de sua condição de saúde.
Teste laboratorial:
- Exame ergométrico em bicicleta, com coleta de VO2máx e ECG.
- Método mais acurado, mas requer consulta médica e laboratório.
Limiar funcional de frequência cardíaca (FTHR):
- Equivale à FC média de um teste de 20 minutos em ritmo máximo sustentável.
- Útil para definir zonas baseadas em limiar, em vez de FCM pura.
Após determinar a FCM, basta aplicar percentuais para cada zona. Exemplo: FCM = 190 bpm → Z1 = 95114 bpm; Z2 = 114133 bpm; Z3 = 133152 bpm; Z4 = 152171 bpm; Z5 = >171 bpm.
2- Uso de monitores cardíacos em treinos
Para constatar e manter seu esforço dentro da zona desejada, utilize:
- Cinta peitoral (strap): Capta sinais elétricos do coração (ECG), de alta precisão. Transmissão por Bluetooth/ANT+ para ciclocomputadores (Garmin, Wahoo) e apps.
- Relógio com sensor óptico: Prático e confortável. Pode apresentar variações em picos de esforço e em movimento intenso.
- Apps e plataformas: Zwift, Strava, Wahoo Fitness e outros apresentam gráficos de FC em tempo real. Alerta visuais, sonoros ou vibratórios ao ultrapassar faixas.
- Ciclocomputador/GPS ciclismo: Alta confiabilidade na estrada e em trilhas. Permite programar treinos estruturados por zona, com contagem regressiva.
Boas práticas:
- Sincronize strap + relógio para ter redundância de dados.
- Teste sensores antes de usar em provas ou treinos longos.
- Limpe e seque o strap após cada uso para manter a aderência dos eletrodos.
- Atualizar firmware de dispositivos para maior estabilidade.
3- Personalização das zonas para diferentes objetivos
Cada ciclista tem metas específicas. Ajuste a ênfase em zonas conforme seu foco:
Perda de peso:
- Foque Z2 (60 a 70% FCM) em sessões longas para maximizar a oxidação de gorduras.
- Inclua Z1 em recuperação ativa nos dias seguintes a intervalados pesados.
Aprimoramento de resistência:
- Combine Z2 e blocos de Z3 (70 a 80% FCM) para elevar o limiar anaeróbico.
- Periodize: 4 semanas de volume (mais Z2), depois 2 semanas de intensidade (Z3).
Aumento de velocidade e VO₂máx:
- Dedique treinos a Z4/Z5 (80 A 95% FCM) em blocos curtos e intensos.
- Exemplo: 6×3’ em Z4 com 3’ recuperação em Z1.
Recuperação ativa em competições:
- Em provas de multi-etapas, use Z1 para ciclistas atrapalhados pelo esforço do dia anterior.
- Pedale leve para reduzir rigidez e manter fluxo sanguíneo.
Eventos de longa distância:
- Mantenha-se principalmente em Z2, poupando esforço em Z3 na escalada final.
- Intercale breves períodos em Z3 para acordar, pernas e manter foco.
Ajuste as zonas periodicamente: Conforme o condicionamento melhora, sua FCM pode mudar. Refaça testes de campo ou laboratório a cada 36 meses para se calibrar.
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